segunda-feira, 15 de junho de 2009

Coligações e estratégias eleitorais

PSD e CDS/PP já vieram dizer que, num cenário de não existir uma mairia absoluta, deverá existir uma coligação à direita entre os dois partidos. E estão a radicalizar o dioscurso, no sentido do PS clarificar se está disposto a anunciar se se coliga com o PCP ou o BE (ou ambos).
Uma clarificação que é determinante para o eleitorado. Uma coisa é as pessoas saberem que poderão votar à direita sem "dramas" e a outra saber que votando na esquerda democrática se arriscam a ter ministros da extrema-esquerda.
Acredito que a luta política nesta matéria ainda vai aquecer...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Algumas ilacções da noite eleitoral e lições para o futuro

1º Acabou o mito da invencibilidade de Sócrates. Este PS foi derrotado uma vez e pode sê-lo novamente. A renovação da maioria absoluta é, aos dados de hoje, uma miragem.
2º O PSD regressou ao lugar efectivo de verdadeira alternativa a este Governo. Pode-se dizer o que se quiser, mas a alternância em Portugal, desde o 25/4, funciona entre estes dois partidos com algumas variações.
3 º Se estes fossem os resultados das legislativas, tínhamos um problema. Mesmo que o PSD se coligasse com o PP, não haveria maioria parlamentar, o que podia levar a uma queda antecipada do Governo.
4 º A extrema-esquerda em Portugal soma agora 20% dos votos, valor que considero real, uma vez que, tendencialmente, a esquerda, ao contrário da direita e do centro, não é abstencionista.
5º O CDS/PP, ao contrário dos maiores profetas da desgraça, manteve-se à tona e pode vir a tornar-se incontornável, se o PS ganhar as eleições e não se quiser coligar à esquerda ou se o PSD ganhar em minoria e necessite do CDS.
6 º A manter-se o actual status quo, há uma tendência de queda do PS (que Sócrates não soube ou não quis reconhecer ontem), mas que ainda não se traduz numa subida significativa do PSD, uma vez que o eleitorado fiel dos sociais-democratas anda sempre na ordem dos 30%.
7º Nos próximos meses iremos certamente assistir a uma tentativa de popularizar o Governo (medidas simpáticas que, aparentemente, possam atenuar os efeitos da crise...), ao mesmo tempo que, à esquerda e direita do PS, os partidos vão tentar cavalgar esta onde de descontentamento que ontem ultrapassou o cenário das sondagens e tornou-se aos olhos dos Portugueses real.

A primeira vitória do PSD de 2009

Algumas perguntas...
O PS perdeu claramente as eleições europeias. Os resultados mostraram que a maioria do eleitorado que votou - cerca de 62% dos eleitores optaram por não ir às urnas - optou pelo PSD (31,7% contra 26,6%).
A esquerda continua maioritaria (PCP e BE tiveram 10,7% cada um) e o CDS/PP 8,4%Para lá das sondagens - há uma da SIC que mostra que se as eleições europeias fossem hoje, o PS ganhava com quase 40% dos votos - e da abstenção, estas eleições europeias podem ser consideradas como a primeira volta das legislativas?
Dito de outra forma, como é que o País político irá reagir nos próximos meses? Haverá remodelação do Executivo? Tem o Governo legitimidade para avançar com as grandes obras públicas? Estará o PSD em condições de ter uma dinâmica de vitória? Como irá reagir o eleitorado de esquerda e de direita?

Ainda o voto

Todos temos uma palavra a dizer na democracia que, lembro, não está ganha, garantida e deve ser construída todos os dias. E enganam-se os que pensam que, lá por estarmos na UE estamos safos de uma ditadura. A URSS e o muro de Berlim também não caia nunca, lembram-se?
A meu ver, só combates a abstenção de uma daquelas formas, nenhuma delas a perfeita. Tudo o resto, são processos de intenções que se arrastam desde que há eleições livres em Portugal...
Volto a dizer. Não podemos ser treinadores de bancada, dizer que está tudo mal, que "eles" são uns malandros e, quando nos pedem opinião, ficamos em casa para não sustentar "aquela corja". Isso, para mim, foi chão que deu uvas...
Todos temos responsabilidades e todos temos que as assumir. Podemos ser abstencionistas, claro que sim. Mas serve para quê, mesmo?

O voto e a abstenção

1º Desde que tenho direito de voto nunca faltei a nenhuma eleição. E sim, é verdade, também já votei em branco quando não me identifiquei com nenhum dos candidatos e das suas propostas. Hoje acho que esta é uma arma pífia!
2 º Acho que a não ida às secções de voto é um direito que assiste a qualquer pessoa, mas acima de tudo, considero uma enorme falta de respeito e uma falha de carácter e de cidadania. Falta de respeito porque ainda não há muito tempo, o voto não era universal e, entre os que podiam votar, havia mesmo algumas "chapeladas". Mais: muita gente lutou para que esse direito fosse consagrado. Por uma questão de respeito, até a essas pessoas, o votar deve ser uma questão de honra de qualquer pessoa de bem. O que me leva a um novo ponto.
3 º Em democracia as eleições são livres e justas. E por um se ganha e por um se perde. E como podemos nós dizer que "eles" são sempre os mesmos, se não fazemos duas coisas básicas: votar para mandar os que estão embora (sejam quem forem) e envolvermo-nos politicamente? Não é preciso ir logo para a Assembleia da República. As Juntas de Freguesia, as Assembleias de Freguesia, as Autarquias, os partidos, os movimentos cívicos, até, precisam de pessoas com valor e com ideias que saibam lutar e defender o que acreditam, e as mudanças que acreditam. Pode demorar o seu tempo, mas a nossa voz é ouvida. Como treinadores de bancada, desculpem, mas as opiniões são válidas, mas não servem para nada...
4º Dito isto, acho que o problema da abstenção se resolve de duas formas distintas, talvez contrárias com o que acima escrevi. Ou pela obrigatoriedade de votar, com multas pesadas para os prevaricadores. Ou, voltamos ao início, com o direito de voto a ser entregue a quem de facto o mereça e saiba o que vai fazer quando se "esconde" na mesa de voto. Como fazê-lo? Avaliação dos potenciais votantes através de um teste de cidadania, por exemplo.
5 º O Voto em branco pode ser uma forma de protesto, mas aqui em Portugal não funciona. Para já porque tenho sérias dúvidas que existam 50% dos votos mais um brancos que invalidem as eleições. Depois porque não funciona a lógica de, por exemplo, nas eleições legislativas, os lugares de deputados "brancos" ficarem vazios. Mesmo que seja 20% dos votos, os partidos mais fieis e talvez mais frágeis eleitoralmente agradecem terem aumentado as suas possibilidades de ter um maior grupo parlamentar.
6º Dito isto, acho trágico existirem os níveis de abstenção crescentes. Mas considero que para lá do desinteresse do cidadão na política e nos políticos, para lá da fraca qualidade da maioria de quem nos governa, acho que, também nós temos algumas culpas no cartório... Não basta apenas achar que o caminho tem apenas um sentido.