quinta-feira, 28 de julho de 2011

Liberdade de voto socialista?



O Sol refere na sua edição online que o novo líder do PS quer que os deputados do partido possam ter liberdade de voto, excepção feita às discussões parlamentares sobre programa de Governo, se o PS estiver no poder, moções de censura ou orçamentos de Estado, e ainda compromissos eleitorais assumidos por este partido e pontos que constem na Declaração de Princípios do PS.

O princípio é abrangente qb para permitir tudo e o seu contrário e fazer com que António José Seguro fique bem na fotografia. No final de contas, o actual secretário-geral tem sido contra a regra ainda em vigor da disciplina de voto e nada melhor do que dar a ideia, pelo menos aparente, que o PS é um espaço de liberdade e não cairá, por isso, num albergue espanhol. Mas analisemos a coisa.

Posso estar enganado, mas até hoje, que me recorde, nenhum deputado do PS teve sanções porque votou contra a orientação da liderança da bancada. Na questão da IVG, deputados católicos do PS votaram contra e não lhes aconteceu nada. O próprio Seguro votou contra em algumas circunstâncias – lembro-me, por exemplo da questão da antecipação dos lucros da banca em que Seguro foi contra a corrente - e também nenhuma sanção lhe foi atribuída.

Eu sei que hoje em dia, ninguém lê a declaração de princípios de um partido para ver se este se adequa com aquilo que defende, mas esta excepção é de bom-senso. Nenhum partido político pode querer nas suas fileiras alguém que, supostamente, defenda o oposto. Para isso haverá certamente outros partidos. O impor a disciplina nas questões essenciais para a sobrevivência de um Governo PS ou para a queda do adversário político também é uma questão óbvia.

Em relação aos compromissos eleitorais, seria risível se não fosse triste. Quantas vezes o PS violou descadamente compromissos eleitorais assumidos em nome de interesses, circunstâncias, modas?

O que resta, então, desta suposta liberdade dos deputados? Muito pouco. Alguns fogachos de folclore, de temas fracturantes, mas que, no essencial, não irão desviar o PS do rumo, da matriz e da doutrina imposta. Ou seja, esta notícia é muito gira de se ler, a malta socialista fica animada porque acha que o PS respeita a tradição de partido que luta pela liberdade e tal mas, no final do dia, resume-se ao mesmo: os Srs. Deputados do PS façam o favor de não pensar, não ter ideias e submeterem-se às orientações da bancada e da Direcção do partido. Publicidade pura, portanto, para socialista ler.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Nostalgias…




Recordo-me com imensa saudade dos tempos em que ir comprar as BD´s da Marvel era um momento quase solene. Porque as novidades editoriais vinham do Brasil, às vezes com meses de atraso, era uma aventura aguardar pelo dia de chegada do último número do Homem Aranha, Capitão América, e de tantos super-heróis que povoavam o imaginário de qualquer adolescente.

A ansiedade, por vezes, era proporcional à angústia. Não havia Internet, as histórias tinham continuação e a maior desilusão era quando descobríamos que a revista X tinha sido descontinuada.

Mas o que existia permitia-nos sonhar. Às vezes as histórias irritavam. Bastava ler, em português do Brasil, que o Capitão América estava a lutar contra os “nazistas” (sic) para que sentíssemos que algo não estava bem. No global, eram momentos bestiais, que nos permitiram descobrir heróis como os X-Men, o Motoqueiro Fantasma, entre tantos outros.

Hoje, parte da magia perdeu-se. Claro que temos a BD Mania que nos permite ir mantendo o sonho e a FNAC também. Mas o crime de lesa-pátria para qualquer purista é o fim (sempre) anunciado do papel. Conta a Wired que as grandes editoras estão a apostar nas versões para iPad e, diz quem já experimentou, que até se lê muito bem.

Confesso que serei sempre céptico. Adquirir um iPad está nos planos próximos e, muito provavelmente, até irei subscrever as mais recentes novidades da Marvel e da DC Comics para o tablet. Mas nada substitui a sensação de entrar numa casa da especialidade e perdermo-nos com as mais recentes novidades ou (re)descobrir aquela história que lemos quando éramos francamente mais novos e houve alguma editora que teve a amabilidade de reeditar.

Uma última nota: ao que parece, a BD continua a vender, e bem. Não é por acaso que a indústria cinematográfica tem, ciclicamente apostado em heróis BD – Batman, Hulk, Homem-Aranha, Super-Homem, Surfista Prateado, Quarteto Fantástico, Thor. E, aguarda-se agora com ansiedade a estreia em Portugal do Capitão América . Parece que nos EUA as coisas não correram muito bem para o Harry Potter, que foi destronado na estreia pelo soldado que foi criado para combater os nazistas, desculpem, os nazis…

terça-feira, 26 de julho de 2011

Encomendas?




É, de facto, extraordinário! Este Governo está há pouco mais de um mês em funções e, aqui e ali, começam a aparecer notícias de um alegado mal-estar entre o PSD e o CDS/PP por causa das escolhas do primeiro-ministro, por causa do peso do CDS nos gabinetes, devido ao protagonismo de Paulo Portas, de Passos Coelho e de tudo o mais que se possam lembrar…

Desconheço se é verdade o que se passa. Li, já não sei onde, que uma suposta fonte do PSD dizia a um jornal qualquer coisa deste género: “este governo tem tudo para funcionar mal e será por isso que funcionará bem”.

Apenas sei que tenho memória e que esta história aparece nos jornais sempre que a direita está no poder e, helás, quando aquele-malandro-do-paulo-portas-que-era-jornalista-e-que-traidor-agora-até-é-político-e-imagine-se-ministro-e-dos-negócios-estrangeiros-e-ainda-por-cima-consegue-ir-para-o-governo!

Aconteceu, em 2002, com Durão Barroso/Paulo Portas e, mais agravado, em 2004, com Santana Lopes/Paulo Portas. Primeiro começaram as notícias de tensões na coligação, depois o mal-estar entre ministros, o peso dos independentes e acabou com tudo o que era supostamente barão, conde e marquês do PSD (e do CDS, em menor medida) a dizer que o Governo não prestava e era mau. E o PR lá fez o que, em teoria, se esperava…

Os tempos não estão para brincadeiras e este Governo não poderá, mesmo falhar. Irá certamente cometer erros, como todos, mas será julgado por isso quando a legislatura acabar.

O mínimo que se pede a todos é que sejam sérios. Não criem tensões artificiais, que não existem, e vamos deixá-los trabalhar. Era simpático, não?

Lições da Noruega



O que aconteceu por estes dias na Noruega foi incomum. Quase que encararíamos com a normalidade possível que este ataque acontecesse nos EUA, onde o direito ao uso e porte de arma é proporcional aos loucos que as usam para este tipo de acções.

O problema, que nos afecta a todos nós europeus, é que este ataque não partiu de uma qualquer célula escondida da al-Qaeda, não foi feito por árabes, africanos ou uma qualquer outra minoria que se sente acossada nos locais onde vive e que já percebeu que um ataque no mundo ocidental vale mil vezes mais do que 10 ataques num qualquer país do terceiro mundo.

Este ataque afecta-nos, primeiro enquanto europeus e depois como herdeiros da civilização judaico-cristã e vai contra tudo aquilo que se pretende de uma construção europeia: vários povos, várias línguas, unidas em nome de um interesse maior.

O problema é que a Europa há muito deixou de ser uma solução e é, em muitos casos, um problema. A herança da nossa cultura e civilização espalhou-se pelo mundo ao longo dos séculos, fez doutrina e o chamado mundo ocidental está sempre mais do que preparado para ensinar o dito terceiro mundo o quão é bestial viver de acordo com as nossas regras e os nossos costumes e fica em choque quando terceiros não aceitam. Volto a dizer: se fosse feito por árabes ou africanos, o problema estaria resolvido per si: seriam apelidados de radicais, terroristas, ingratos porque cospem no país que os acolheu e tentam mudar uma sociedade que os recebeu.

O problema aqui é que o rapaz até pode ser doido (que o é seguramente), mas tem a chatice de ser louro e de olhos claros. E a Europa não está preparada para perceber que, entre as suas fronteiras e nas suas fileiras, há descontentes que não gostam do rumo que a coisa está a tomar.

A Europa continua a ser considerada pelo terceiro mundo um lugar de paz, prosperidade e bem-estar e é natural que assim seja percepcionada. Para quem as imagens desse paraíso na terra entram pelos olhos dentro em locais tão afastados de nós como o Paquistão, a Argélia, a Nigéria ou a Colômbia, estranho seria que estes não quisessem usufruir de um pouco dessa prosperidade.

Mas, como se sabe, a raiz do problema ainda vai mais longe. Dos milhares (milhões?) que tentam todos os anos, apenas alguns conseguem. Uns morrem pelo caminho, outros são deportados. Na sua maioria, são explorados porque, nos países que escolhem para viver, não há uma verdadeira política de acolhimento para quem tenta na Europa a sua sorte. E, paralelamente, não há também políticas de restrição de entrada, sob pena que qualquer governo que tenha a veleidade de a implementar em pleno é chamado de fascista, nazi, racista ou outros epítetos do género.

No entanto, muitos entram e engrossam as fileiras da imigração ilegal. Os sinais estão todos aí para quem os quiser ver. A imigração aumenta, mas a quem chega não lhes é dada condições. E os partidos à margem do sistema democrático, um pouco por toda a Europa, lançam o discurso fácil da “Europa para os europeus” e “estrangeiros fora”. E, às vezes, este discurso pega onde menos se espera.

Será, por isso, necessário repensar-se toda a estratégia que tem sido feita neste domínio. A Europa não pode ser uma “Europa fortaleza” (não tem nem os meios, nem a vontade para isso), mas também não pode ser a “Europa libertária”, onde tudo cabe e onde todos fazem parte. Não o deve fazer no alargamento a países que nada têm a ver com o ideal europeu e, por maioria de razão, a povos que apenas aproveitam as condições da Europa para a tentar subverter por dentro.

Não é uma opção fácil admito. Mas terá que ser encontrado um meio caminho, sob pena que o que ocorreu na Noruega se repita diversas vezes em vários países europeus. O descontentamento é terreno fértil para a vingança.

Jogar pelo Seguro



Caindo na tentação da piada fácil, os militantes do PS jogaram pelo Seguro. Literalmente. Já para não falar no facto que Castelo Branco parece ter a maior concentração de líderes socialistas por metro quadrado. A moda começou com António Guterres, foi interrompida com Ferro Rodrigues (um erro de percurso, a vários níveis), mas prosseguiu com Sócrates e agora com Seguro.

Humores à parte, a vitória de Seguro na disputa interna socialista é o caminho mais fácil para um partido que vai fazer a travessia no deserto e precisa de cortar com o referencial destes últimos seis anos.

Seguro pactuou muito pouco nestes últimos anos com a Direcção do partido. Limitou-se a ser deputado por Braga e aproveitou os fins-de-semana para as voltas pelas secções, onde cimentou alianças e amizades. Tó Zé, como é conhecido nas hostes socialistas, fez o trabalho de casa e, supostamente, vê agora recompensado esse esforço. Mesmo quando todos parecem esquecer que em muitas vezes, quando poderia falar, Seguro remeteu-se ao silêncio.

Convenhamos que, para os militantes socialistas, a escolha não dava muita margem de manobra: ou escolhiam Francisco Assis, o rosto de suposta continuidade, ou optavam por uma improvável ruptura que lhes era oferecida por Seguro.

O novo secretário-geral terá agora que mostrar que não é um líder de transição e não apenas alguém para “queimar” enquanto eternos candidatos a líder aguardam por melhor oportunidade. Não terá tarefa fácil. Acredito que, depois de vários anos com o culto da personalidade à volta de Sócrates, o PS arrisca-se a ter o mesmo que aconteceu no PSD: Disputas de liderança, comentários nos jornais, assassínio de carácter, fontes anónimas, senadores… A seu favor para tudo isto não aconteça no imediato, Seguro tem o factor tempo: o actual Governo poderá durar mesmo 4 anos e, pode ser que, até lá, o novo líder socialista consiga consolidar e cimentar as suas relações. Internas e externas.

No fundo, o que os militantes socialistas que votaram nele agora pedem é que Seguro faça na liderança aquilo que andou a fazer nos bastidores. Uma estratégia que leve o PS de volta aos corredores de poder. Se o conseguir, a aposta foi ganha. Se não tiver tempo para isso, será apenas mais um secretário-geral com direito a fotografia no Rato. A política é pródiga a esquecer e fácil em arranjar substitutos. Sem contemplações.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Bom jornalismo e reportagem








A iniciativa Público Mais é uma pedrada no charco na Comunicação Social que poderá fazer a diferença no actual panorama dos Media.

Fui jornalista durante cerca de uma década e bem me lembro o que implicava dedicar-me a jornalismo de investigação e/ou reportagem. Cada vez que me deparava com uma história que exigia algum tempo e dedicação extra – e até saídas para o exterior – era o resto da redacção que pagava por isso. A estrutura do jornal onde me encontrava era pequena, o trabalho do dia-a-dia precisava de continuar a ser feito e isso acabava por sobrecarregar os meus “camaradas”.

Por outro lado, também me recordo de reportagens que não fiz, caminhos que não trilhei, porque não havia budget para me enviar durante uma, duas ou três semanas para o exterior em busca daquela história fantástica que tinha tido conhecimento.

As coisas são como são. Lembro-me que a falta de meios levava-nos a ser sagazes na procura da informação, inventivos na busca de meios para dar um valor acrescentado a uma notícia que todos poderiam ter, mas que nós, no jornal, procurávamos outro ângulo.

Recordo-me de um grande director que tive nesse jornal, o Hermínio, com quem discutia abordagens e temas para dar mais-valia ao nosso trabalho diário de jornalista. Apesar de ser director (ou porque o era), o Hermínio trabalhava lado a lado connosco e incentivava-nos a ir sempre mais longe. Tivemos grandes “cachas” com o conflito no Afeganistão – apesar de estarmos a milhares de quilómetros de distância – e, no 11 de Setembro, recordo-me que fomos os únicos a dar a notícia que o pessoal da CIA estava a evacuar o edifício porque tinham tido ameaça que o ataque terrorista em curso iria também atingir Langley.

Numa altura em que só ouvimos falar de crise, a notícia da criação do Público Mais é uma excelente notícia. Ao ir buscar mecenas que dão milhares de euros para que o Público possa fazer grande jornalismo e grandes reportagens de investigação, o jornal e a sua directora, Bárbara Reis, mostram que não cruzam os braços perante o ciclo vicioso que nos afecta a todos e que a Comunicação Social também não é imune: a falta de orçamento para serem originais e criativos.

Com esta iniciativa todos ganham. O jornal, as empresas mecenas, os jornalistas mas, acima de tudo, os leitores que passam a poder ler artigos seguramente interessantes que nos afastam da espuma dos dias e nos levam a sonhar, novamente, que o bom jornalismo é possível. Basta para isso ter apoios e imaginação.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Que Europa?



A construção europeia tem sido, à falta de melhor argumento, o motor que tem levado a que Estados, povos e países que teriam tudo para se desentender, tenham encontrado plataformas comuns. Numa frase: estarmos juntos tem evitado, pelo menos, os horrores de uma nova guerra à escala global no teatro europeu.

Os acontecimentos recentes mostram, no entanto, que a Europa pode ter tido mais olhos que barriga ou falta de coragem, consoante a perspectiva com que se encare o caminho feito desde meados do século passado.

À luz de qualquer uma das opiniões, é unânime considerar-se que a Europa vive hoje em dia os problemas da sua (in)decisão. Não é possível pedir aos Estados membros uma união económica, direitos aduaneiros, liberdade de pessoas e bens, e não avançar-se para uma União Política. E não estou a falar, naturalmente, da falta de peso político da Comissão Europeia, do MNE europeu (quem?) ou de um Parlamento Europeu , em cujas identidades nacionais pouco se revêem.

Os pequenos passos que foram dados no início do processo europeu foram coerentes, pensados e estruturados para uma entidade cujos membros partilhavam um caminho e herança comum. A União Europeia alargou-se para lá do que era inimaginável aos seus fundadores e o disparate continua, até porque não foi abandonada a ideia de um dia integrar a Turquia, e continua em cima da mesa, ao que sei, arranjar um estatuto para os países do Magreb(???).

A Europa atravessa uma crise sem precedentes. Uma crise de valores, agravada com uma crise económica. E, consequentemente, a solidariedade europeia que políticos como Delors, Kohl, Mitterand preconizaram e defenderam - mesmo quando isso lhes custou algum desconforto interno - tem os dias contados.

O eixo Paris-Berlim é hoje em dia uma ficção. Existe o eixo Berlim-Berlim e pouco mais do que isso.

O vergonhoso ataque ao euro e as consequências da falta de união política e económica da UE são o reflexo óbvio da queda de um Império. Do fim de um gigante com pés de barro. Na hora da aflição, não somos todos Europa. Uns são PIGS, como se sabe.

O problema que ainda ninguém parece ter percebido é que no dia em que os PIGS caírem, novos PIGS se seguirão. E, ou a Europa luta contra esse determinismo ou corre o risco de ver o projecto europeu acabar mais depressa do que muitos pensavam. Mas se calhar a ideia também é essa…

Absolut Lisbon



A Absolut escolheu Lisboa para a nova campanha global da marca sueca. Conta a edição do DE de hoje que os responsáveis por este projecto ficaram seduzidos pela “cidade perfeita”, “pelos lugares” e a “arquitectura dos espaços”.

Acredito que esta campanha pode fazer mais por Portugal enquanto destino turístico do que todas as iniciativas tontas de Allgarves e afins que saem de algumas cabeças supostamente mais iluminadas.

terça-feira, 19 de julho de 2011

As boas intenções do PR



Cavaco Silva veio falar da necessidade de se apoiarem os nossos cientistas e investigadores. O discurso, apropriado para o local onde se encontrava – o Instituto Gulbenkian da Ciência – é cheio de boas intenções, mas claramente afastado da realidade. Vou dizê-lo com todas as letras: Não há apoio à comunidade científica que luta, diariamente, com inúmeras dificuldades.

É verdade que a nossa comunidade científica é de louvar e há inúmeros casos de pessoas que até optam por se valorizar no exterior e tentam aplicar os conhecimentos aprendidos em Portugal. Mas, na maior parte dos casos, uma vez aqui chegados, o que falta em apoios sobra em dedicação. E muitos deles, infelizmente, desistem.

O campo do domínio científico padece do mesmo problema de tantos outros domínios em que Portugal poderia atingir níveis de excelência, mas acaba por não o fazer porque as apostas de quem nos governa são errantes e ao sabor do momento.

Vamos apostar no mar? Vamos! Vamos reabilitar a Agricultura e as Pescas? Porque não? Vamos apostar na Lusofonia? Claro! Vamos apostar na Europa e no Eixo Atlântico em vez dos PALOP´s? Sim!

Tem sido sempre assim ao longo da nossa História…

O irónico em tudo isto é que, quando a comunidade científica lusa desiste de lutar contra o imobilismo da estrutura estatal e vai aplicar o seu know how no estrangeiro, são apoiados e, imagine-se, até reconhecidos.

O discurso do Chefe de Estado foi importante. Mas, se nada for feito em consequência, não passam apenas de meras intenções. Quanto à comunidade científica que abandona Portugal, chega-se a um ponto em que apenas nos limitamos a encolher os ombros, compreender e aceitar. Tentam escapar, acima de tudo, ao triste fado que já Padre António Vieira tão bem falava: «Se serviste a Pátria e ela te foi ingrata, tu fizeste o que devias. Ela o que costuma».

Vencer a crise



Ler jornais, ouvir rádio ou ver noticiários é um exercício de puro masoquismo nos dias que correm. Só se ouve falar de crise, assaltos, aumentos de impostos e que tudo está mal e vai ficar cada vez pior.

Ter a capacidade de olhar para lá de tudo isto é um esforço sobre-humano, mas possível. Porquê? Porque a nossa vida não se deve centrar naquilo que não conseguimos controlar ou evitar, mas naquilo que está nas nossas mãos e que nos pode fazer feliz.

S. Josemaria Escrivá dizia que “a felicidade do Céu é para os que sabem ser felizes na Terra”. Talvez se começarmos por aqui e encontrarmos na nossa vida os motivos que nos fazem sorrir, possamos, também nós, vencer a crise.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A Comunicação do novo Governo




Depois de um Governo que muito comunicava e que muito pouco ou nada dizia que correspondesse à realidade, os Portugueses esperam agora que lhes falem a verdade. Os tempos não estão para brincadeiras e os sinais de mudança, pelo menos política, estão aí. E já não falo da mudança – simbólica – das viagens de Estado de Executiva para Económica, algo que Passos Coelho já fazia enquanto líder do maior partido da oposição e que seria expectável que mantivesse enquanto PM. Falo, isso sim, de todo um estilo diferente de governação que, a confirmar-se, irá fazer doutrina e condicionar os próximos Governos do futuro.


Dizem os mentideros, que o Primeiro-Ministro irá fazer uma estratégia comunicacional à Obama: briefings semanais, onde tudo é explicado aos Media. Oxalá assim seja. Portugal vive a ironia de ter grupos de Comunicação Social ligados à direita, mas onde o predomínio de quem escreve, opina e decide é, tendencialmente, de esquerda. O desafio, para o PSD, neste Governo, é por isso árduo: está condicionado pelas decisões da Troika, tem de dar explicações ao parceiro da coligação, convencer uma Comunicação Social de esquerda que o percurso é este e só poderia ser este e, mais importante que tudo isso, mostrar aos Portugueses e a Portugal que, com este caminho, o País regressa à senda de sucesso.

Alessandra Augusta, a marketeira brasileira que desenhou a campanha eleitoral do PSD, diz que o grande trunfo dos sociais-democratas foi a própria personalidade e autenticidade do agora Primeiro-Ministro. Passos Coelho, disse ela numa entrevista recente ao semanário Sol, foi deixado o mais natural possível e que «foi muito mais ele a contribuir para que nós só déssemos forma às coisas do que o marketing a interferir directamente. Se Passos Coelho tivesse um perfil mais artificial não teria avançado tão rapidamente».

Sabemos também que o estado de graça deste Governo irá durar enquanto o que foi vendido aos Portugueses continuar a ser mostrado como algo de credível e real e não apenas como um face lifting de algo que se faz porque é giro e pode manter a malta animada.

Ao romper com determinadas lógicas aparelhísticas de Governo – contam-me que há muitos ministeriáveis que ficaram aborrecidos porque o telemóvel deles não tocou – ao não ceder ao Partido e a Lobbies que queriam impor determinada pessoa para determinado cargo, Passos Coelho inaugura também um novo estilo de governação. As escolhas para a Economia e Finanças, por exemplo, são apostas pessoais do líder do PSD, que terão mesmo que dar resultado. Sob pena de os primeiros que as aplaudiram agora serem, no futuro, os mesmos que irão pedir a cabeça do Primeiro-Ministro se algo correr mal.

A estratégia deste Governo deve resumir-se, por isso, a uma só palavra, repetida até à exaustão: comunicar, comunicar, comunicar. Os tempos estão difíceis, tudo indica que ainda serão agravados, e nada pior do que não existir uma estratégia integrada de comunicação que explique, aos Portugueses em geral e aos investidores estrangeiros em particular, que Portugal entrou no bom caminho. Relembro que, a direita, no nosso País, sempre teve alguma dificuldade em fazer passar a sua mensagem, ao contrário da esquerda. Mas confio que, pela primeira vez desde há muitos anos, haverá aqui uma conjugação favorável que deverá ser aproveitada.

Costuma-se dizer que não há uma segunda oportunidade para criar uma primeira boa impressão. Por tudo o que vimos até agora, acredito que esta equipa terá tudo para dar certo. Oxalá não falhem.