1º Acabou o mito da invencibilidade de Sócrates. Este PS foi derrotado uma vez e pode sê-lo novamente. A renovação da maioria absoluta é, aos dados de hoje, uma miragem.
2º O PSD regressou ao lugar efectivo de verdadeira alternativa a este Governo. Pode-se dizer o que se quiser, mas a alternância em Portugal, desde o 25/4, funciona entre estes dois partidos com algumas variações.
3 º Se estes fossem os resultados das legislativas, tínhamos um problema. Mesmo que o PSD se coligasse com o PP, não haveria maioria parlamentar, o que podia levar a uma queda antecipada do Governo.
4 º A extrema-esquerda em Portugal soma agora 20% dos votos, valor que considero real, uma vez que, tendencialmente, a esquerda, ao contrário da direita e do centro, não é abstencionista.
5º O CDS/PP, ao contrário dos maiores profetas da desgraça, manteve-se à tona e pode vir a tornar-se incontornável, se o PS ganhar as eleições e não se quiser coligar à esquerda ou se o PSD ganhar em minoria e necessite do CDS.
6 º A manter-se o actual status quo, há uma tendência de queda do PS (que Sócrates não soube ou não quis reconhecer ontem), mas que ainda não se traduz numa subida significativa do PSD, uma vez que o eleitorado fiel dos sociais-democratas anda sempre na ordem dos 30%.
7º Nos próximos meses iremos certamente assistir a uma tentativa de popularizar o Governo (medidas simpáticas que, aparentemente, possam atenuar os efeitos da crise...), ao mesmo tempo que, à esquerda e direita do PS, os partidos vão tentar cavalgar esta onde de descontentamento que ontem ultrapassou o cenário das sondagens e tornou-se aos olhos dos Portugueses real.