quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Diplomacia paralela

A ida de José Sócrates a Berlim e a Madrid, para ter encontros privados com Ângela Merkel e Zapatero, poucos dias antes do périplo europeu de Pedro Passos Coelho é grave. E é grave porque o ex-PM parece que ainda não se habitou ao facto que perdeu as eleições, já não manda no País e que há novos actores e decisores políticos, eleitos num acto transparente e democrático. Eu sei que todos estes conceitos de transparência e democracia deverão ser certamente algo estranhos a quem se habituou, durante seis longos anos, a achar que vivia numa quintinha onde vigorava o seu quero, posso e mando.
Os mais ingénuos podem até alegar que Sócrates foi rever velhos amigos – estava a escrever esta frase e a lembrar-me do vídeo no Youtube onde Sócrates discursa em inglês após uma cimeira europeia com os seus “amigos” a rirem do seu inglês técnico – e que estes encontros foram inócuos.
O problema é que em política, como se sabe, o que parece é. Sócrates não reviu velhos amigos, mas foi fazer diplomacia paralela, com Portugal a ser o tema dominante da agenda. E foi colocar pedras no caminho do Primeiro-Ministro e, mais importante que isso, fragilizar a posição de Portugal. Num País normal, teríamos já reacções, incluindo do próprio PS, a condenar esta atitude déspota e prepotente de alguém que, infelizmente, ainda não percebeu qual o seu lugar.