terça-feira, 19 de julho de 2011

As boas intenções do PR



Cavaco Silva veio falar da necessidade de se apoiarem os nossos cientistas e investigadores. O discurso, apropriado para o local onde se encontrava – o Instituto Gulbenkian da Ciência – é cheio de boas intenções, mas claramente afastado da realidade. Vou dizê-lo com todas as letras: Não há apoio à comunidade científica que luta, diariamente, com inúmeras dificuldades.

É verdade que a nossa comunidade científica é de louvar e há inúmeros casos de pessoas que até optam por se valorizar no exterior e tentam aplicar os conhecimentos aprendidos em Portugal. Mas, na maior parte dos casos, uma vez aqui chegados, o que falta em apoios sobra em dedicação. E muitos deles, infelizmente, desistem.

O campo do domínio científico padece do mesmo problema de tantos outros domínios em que Portugal poderia atingir níveis de excelência, mas acaba por não o fazer porque as apostas de quem nos governa são errantes e ao sabor do momento.

Vamos apostar no mar? Vamos! Vamos reabilitar a Agricultura e as Pescas? Porque não? Vamos apostar na Lusofonia? Claro! Vamos apostar na Europa e no Eixo Atlântico em vez dos PALOP´s? Sim!

Tem sido sempre assim ao longo da nossa História…

O irónico em tudo isto é que, quando a comunidade científica lusa desiste de lutar contra o imobilismo da estrutura estatal e vai aplicar o seu know how no estrangeiro, são apoiados e, imagine-se, até reconhecidos.

O discurso do Chefe de Estado foi importante. Mas, se nada for feito em consequência, não passam apenas de meras intenções. Quanto à comunidade científica que abandona Portugal, chega-se a um ponto em que apenas nos limitamos a encolher os ombros, compreender e aceitar. Tentam escapar, acima de tudo, ao triste fado que já Padre António Vieira tão bem falava: «Se serviste a Pátria e ela te foi ingrata, tu fizeste o que devias. Ela o que costuma».