terça-feira, 26 de julho de 2011

Jogar pelo Seguro



Caindo na tentação da piada fácil, os militantes do PS jogaram pelo Seguro. Literalmente. Já para não falar no facto que Castelo Branco parece ter a maior concentração de líderes socialistas por metro quadrado. A moda começou com António Guterres, foi interrompida com Ferro Rodrigues (um erro de percurso, a vários níveis), mas prosseguiu com Sócrates e agora com Seguro.

Humores à parte, a vitória de Seguro na disputa interna socialista é o caminho mais fácil para um partido que vai fazer a travessia no deserto e precisa de cortar com o referencial destes últimos seis anos.

Seguro pactuou muito pouco nestes últimos anos com a Direcção do partido. Limitou-se a ser deputado por Braga e aproveitou os fins-de-semana para as voltas pelas secções, onde cimentou alianças e amizades. Tó Zé, como é conhecido nas hostes socialistas, fez o trabalho de casa e, supostamente, vê agora recompensado esse esforço. Mesmo quando todos parecem esquecer que em muitas vezes, quando poderia falar, Seguro remeteu-se ao silêncio.

Convenhamos que, para os militantes socialistas, a escolha não dava muita margem de manobra: ou escolhiam Francisco Assis, o rosto de suposta continuidade, ou optavam por uma improvável ruptura que lhes era oferecida por Seguro.

O novo secretário-geral terá agora que mostrar que não é um líder de transição e não apenas alguém para “queimar” enquanto eternos candidatos a líder aguardam por melhor oportunidade. Não terá tarefa fácil. Acredito que, depois de vários anos com o culto da personalidade à volta de Sócrates, o PS arrisca-se a ter o mesmo que aconteceu no PSD: Disputas de liderança, comentários nos jornais, assassínio de carácter, fontes anónimas, senadores… A seu favor para tudo isto não aconteça no imediato, Seguro tem o factor tempo: o actual Governo poderá durar mesmo 4 anos e, pode ser que, até lá, o novo líder socialista consiga consolidar e cimentar as suas relações. Internas e externas.

No fundo, o que os militantes socialistas que votaram nele agora pedem é que Seguro faça na liderança aquilo que andou a fazer nos bastidores. Uma estratégia que leve o PS de volta aos corredores de poder. Se o conseguir, a aposta foi ganha. Se não tiver tempo para isso, será apenas mais um secretário-geral com direito a fotografia no Rato. A política é pródiga a esquecer e fácil em arranjar substitutos. Sem contemplações.