segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A marcha alegre das esquerdas


Manuel Alegre arrisca-se a ficar conhecido como o coveiro das esquerdas. Explico. Dizem os jornais hoje que o histórico socialista deixou em aberta a possibilidade de o Fórum das Esquerdas poder servir para lançar as bases de uma esquerda descontente que não se revê no actual PS e não vota no folclore bloquista e no monolitismo comunista.

Tudo teria sentido não fora um senão: o Bloco não vai entrar nesse comboio, o PC vai ser um partido que irá subir eleitoralmente em 2009, a Refundação Comunista são meia dúzia de optimistas e, para finalizar, o próprio Manuel Alegre não se irá arriscar a sair da zona de conforto que o PS lhe dá.

Sempre achei que Alegre era comunista de coração e socialista de oportunidade. E o capital de um milhão de votos que o poeta desperdiçou nas últimas eleições presidenciais, bem como os avanços e recuos que tem feito - para além das falsas promessas e expectativas que tem criado a toda uma esquerda descontente - irão fazer que o tiro saia a estes utópicos pela culatra.

Não só Alegre não vai fundar um novo partido, como será "recompensado" pelo PS quando os ventos de mudança atingirem este partido. Aí Alegre será apaudido de pé por ter levado os socialistas de volta à pureza inicial do partido. E conhecendo-se a vaidade da personagem, Alegre já sonha com esse momento em que será reconhecido como o herdeiro natural e responsável pelo regresso à fossilização socialista. Com novidades destas à esquerda e com as complicações que existem à direita, José Sócrates bem pode dormir descansado.