terça-feira, 9 de agosto de 2011

Anarchy in the UK

Confesso que nunca tive muita paciência para ver as imagens de supostos “descontentes sociais” que aproveitam todas as oportunidades para lançar o caos onde se encontram. Parece que um programa muito em voga na extrema-esquerda radical - certamente, para honrar os paizinhos que se manifestaram contra o Vietname, fizeram o Maio de 68 ou derrubaram democracias em nome de amanhãs que cantavam – é o de fazer um tour turístico de anarquia, aproveitando a confusão onde ela se instala.

O que se passa em Londres e que se arrasta a outras cidades inglesas, é grave mas, infelizmente, não é novo. Na Europa, a França convive com isso há décadas, fruto de uma política de imigração permissiva, que encheu o País de hordas de descontentes que nunca se sentiram verdadeiramente gauleses. Claro está que o Estado, qualquer que ele seja, também tem culpa, ao não dar melhores condições de vida a quem as procura e ao colocar estas famílias em guetos, isolando-as e mantendo a discrepância social e étnica que ultrapassa gerações.

Lembro-me, há uns anos, de ficar surpreendido quando andava no metro em Paris e ver a Polícia armada com metralhadoras e pronta para combate urbano. Chocou-me o racismo instalado que fazia com que as forças da ordem apenas abordassem africanos e árabes. Hoje, quando vou à capital francesa, a desconfiança relativamente ao outro é ainda pior e está mais acentuada. Infelizmente, esta atitude já não me choca e aceito que, por motivos de força maior, a liberdade seja limitada em nome da segurança – o raciocínio é perigoso, eu sei e pode levar as democracias à ditadura.

Ontem viveu-se a terceira noite de violência e tumultos na capital inglesa e agora o efeito dominó arrasta-se para Birmingham, Liverpool, Nottingham e Bristol. As autoridades estão presas ao politicamente correcto e titubeantes em relação às medidas a tomar. Os media não ajudam, ao falarem em “descontentes sociais” e a tentarem esconder (ou omitir) que isto é, acima de tudo, um problema decorrente da imigração e de segundas e terceiras gerações que nunca se quiseram adaptar a quem acolheu os seus ascendentes.

Isto já lá não vai com o “Keep Calm and Carry On”. O Estado precisa de mostrar que a autoridade existe e que sabe exercê-la. Custe o que custar, a violência tem que parar. E a Europa precisa, urgentemente, de saber retirar as lições do que se passa. Ontem França, hoje Reino Unido. Amanhã, Portugal?