terça-feira, 2 de agosto de 2011

Eu comento, tu críticas, ele censura

É cíclico e já não se devia estranhar. Estando o PSD na oposição ou no Governo, há sempre vozes críticas. Porque o líder da oposição é “frouxo” (Durão Barroso), não tem o “carisma” de Cavaco Silva (Fernando Nogueira), porque se quis coligar com o CDS/PP (Marcelo), porque era “a velha” (Ferreira Leite), etc.,etc., etc.

Os epítetos, nem sempre simpáticos e muitas vezes ditos a coberto do anonimato e amplificados pela Comunicação Social, sempre ávida de uma boa polémica, cilindraram líderes, afastaram amigos, dividiram equipas e provocaram mossa. No PSD, vive-se o drama de ser conhecido como o partido mais português de Portugal, com todos os seus defeitos e virtudes. Quando a hora chega, assumem-se como vizinhas que adoram um bom mexerico.

No poder, a tendência é as críticas esvaírem-se, as pessoas tornarem-se acéfalas e ficarem mais papistas que o Papa. E, claro, quando as vozes críticas surgem a quebrar o suposto unanimismo, aparecem logo umas virgens ofendidas a pedir a cabeça de A, B ou C só porque aquele malandro, ainda por cima militante do partido, disse o que pensava sobre o líder, que pode ser da oposição ou por acaso já primeiro-ministro. Não deixa de ser verdade, porém, que muitas das críticas que ouvimos não têm qualquer sentido e surgem por puro ressabiamento.




Acontece no PSD, como aconteceu no PS, no CDS/PP, no BE e no PCP. Não é novidade.

Confesso que nunca fui de gostar de unanimismos e faz-me impressão que as pessoas achem que têm de se calar ou consentir só porque agora o Governo é outro, mesmo que seja da nossa cor política. Todos os Governos, quaisquer que sejam, mesmo aqueles nos quais votamos, cometem erros. Não são perfeitos. E será sempre bom que os primeiros avisos de que algo não está bem partam de quem votou neles e que, supostamente, terão a sua opinião valorizada porque estas primeiras críticas podem surgir como avisos à navegação para corrigir supostos erros.

Dito isto, também considero que há fóruns próprios para o dizer e é em reuniões partidárias que tudo deve ser falado e esclarecido. Confesso igualmente que me choca ver que os primeiros a atirar a pedra da intolerância contra os seus companheiros partidários são os mesmos que criticam tudo e todos, minam a credibilidade de quem não é da sua corrente no partido e, nas reuniões partidárias, tudo fazem para desacreditar quem não pensa como eles, roçando as vezes a má criação, o insulto e a arrogância.

Não é simpático ouvirmos coisas que não gostamos e choca-nos que às vezes essas críticas sejam feitas por quem, supostamente, deveriam ser os primeiros a apoiar-nos. Mas é importante saber ouvir, perceber o sentido da crítica e demonstrar por actos e acções que o que nos acusam é falso ou admitir que possa ter algum fundo de verdade, quando é esse o caso. Mesmo que isso implique ir contra respeitáveis “políticos-comentadores” ou “comentadores-políticos”…

No PSD, Pedro Santana Lopes percebeu tarde demais que os voluntarismos defensivos de Rui Gomes da Silva por causa das críticas veladas de Marcelo lhe custaram caro. Terá Passos Coelho a capacidade de controlar os seus “papistas” a tempo?