terça-feira, 2 de agosto de 2011

Comunicação, protagonismos e erros de avaliação



Luís Paixão Martins escreve no Briefing que “muitas vezes, os consultores de Comunicação tendem a arrastar os seus aconselhados para aventuras mediáticas apenas porque eles próprios, os consultores, têm ambições de protagonismo. Trata-se de um erro fatal a que podemos chamar da doença infantil das PR”.

O mesmo se aplica quando se fala das decisões do Governo. Já aqui aqui escrevi, anteriormente, que este governo, mais do que decidir, terá que ganhar tempo em comunicar as suas decisões e não se deixar levar pelo deslumbre de um qualquer assessor de imprensa, estratega de comunicação ou político menos experiente que tenha especial gosto em aparecer no telejornal das 20 horas só porque sim.

Para garantir encaixe financeiro imediato, optou-se pelo mais fácil. Começámos com cortes na receita, com aumentos de impostos, com subidas draconianas de preços de serviços essenciais para quem já pouco tem. A decisão de aumentar os transportes públicos e o anúncio de os aumentar outra vez já em Janeiro, sem que isso acompanhe, por exemplo, o fim dos privilégios de administrações regiamente bem pagas, é um sinal grave que pode comprometer as boas intenções do Executivo.

Costuma dizer-se que os Governos se esquecem de ouvir a rua. Em Portugal, a coligação PSD/CDS-PP ainda está a conhecer os cantos à casa e está num período de graça, com uma oposição em cacos. E a rua e a sociedade civil estão praticamente silenciosas.

Mas, se continuar na senda de cortes, a sacrificar sempre os mesmos, sem explicações do seu porquê e escudando-se apenas nas imposições da Troika e de que o país está de rastos, temo que o caminho não seja famoso. O que é pena. Portugal e este Governo têm uma oportunidade de ouro para fazer diferente e fazer a diferença. Seriam muito bom que não falhassem.

(Declaração de interesses: tal como milhões de portugueses contribui, com o meu voto, para a vitória deste Governo).